5 de Maio de 2012
José Catalão foi campeão distrital com o Infesta, no seu ano de estreia.
Depois de uma temporada passada fantástica da equipa de juniores do FC Infesta, onde a equipa conseguiu não só o titulo mas também a promoção à 2ª Divisão Nacional, as dificuldades aumentaram e foi preciso um esforço hercúleo durante esta temporada para evitar uma descida de divisão que praticamente estava consumada no final da primeira fase. José Catalão foi o timoneiro destes jogadores que conseguiram aquilo a que se pode ter chamado do “milagre da salvação”.
Agora que terminou o campeonato e que conseguiu a manutenção na 2ª Divisão Nacional, depois de um mau início de temporada, diga-me qual foi o segredo deste sucesso?
Penso que não houve segredo nenhum, o que aconteceu, foi que nós tínhamos que incutir na equipa que enquanto matematicamente fosse possível, tínhamos que lutar até ao limite e para além disso nós sabíamos que a equipa tinha qualidade. Mas não era fácil para um plantel que foi formado praticamente com o decorrer da época, para estes jovens lidarem com a pressão, praticamente desde a 3ª jornada até ao final da temporada. Nós perdemos o primeiro jogo no início da época, vencemos o segundo e voltamos a perder o terceiro e dai para a frente, com os resultados negativos que se foram acumulando, a pressão existia em todos os jogos a ponto de terminarmos a primeira fase com uma pontuação tão baixa, o que para muita gente, já dava a manutenção como praticamente perdida. Nós tivemos que incutir neles que efectivamente têm valor, não tinham era aquela maturidade para disputar uma prova desta categoria, principalmente alguns elementos com que iniciaram a época que eram muito jovens, muitos deles vindo dos juvenis que estavam nos campeonatos distritais, não habituados a uma exigência tão grande como é esta prova dos nacionais. Já o seria para os juniores que transitaram de uma época para a outra pois vínhamos da 1ª divisão distrital e que também tem uma qualidade muito semelhante.
Como é que foi trabalhar com eles durante esta temporada?
Não foi muito diferente daquilo que foi na temporada passada. De facto os jovens de hoje não são fáceis mas de um modo geral, é um conjunto de homens muito bom. Tivemos alguns problemas que foram mais complicados de gerir e que com pena nossa, acabaram por haver o afastamento de alguns atletas. Um deles por questões disciplinares e outros dois/três casos que nós desconhecemos pois pura e simplesmente desapareceram. Um deles foi repetente pois já o ano passado tinha-se ausentado embora com justificação mas este ano, voltou a desaparecer mas desta feita sem justificar, depois houve mais dois que também deixaram de aparecer. De resto, não foi muito difícil tendo em conta que houve ali uma mistura de gerações na equipa técnica, o Sr. Licínio com mais idade, eu com um pouco menos e o João mais próximo deles. O João que é muito acarinhado por eles e ele lida bem com o grupo. Penso que com esta simbiose de idades, foi mais fácil contornar algumas dificuldades que foram acontecendo ao longo do ano.
Acreditava que no final da primeira fase, a manutenção estava perdida?
Não porque nos moldes em que o campeonato se disputa ou seja com a transição para a segunda fase com metade dos pontos, nós acabamos por ser beneficiados com isso. Na próxima temporada, que já não será assim, se esse modelo estivesse em vigor nesta temporada, dificilmente conseguiríamos. A partir do momento em que nós iriamos começar a segunda fase com uma aproximação maior, tudo dependeria também do próprio sorteio e eu creio que nós também tivemos alguma felicidade no sorteio pois jogamos logo com equipas que estavam mais próximas de nós e deixar para o final as equipas de mais-valia o que de facto aconteceu.
Depois da derrota com o Candal no nosso estádio na segunda jornada, temeu que a manutenção era praticamente impossível?
Nós iniciamos bem, pena foi que esse segundo jogo deita-se quase por terra aquilo que conseguimos no primeiro encontro. A derrota abanou um bocadinho com o grupo. Só não foi tão mau porque na mesma jornada houve jogos que não nos penalizaram tanto. Se assim não fosse, seguramente teríamos tido mais dificuldades em conseguir a manutenção do que aquelas que viemos a ter e que só se resolveram no último encontro.
As últimas quatro jornadas onde conseguiram quatro vitórias, foram determinantes?
Estas últimas sim e nós sabíamos que não tínhamos margem de erro. Estando todas as equipas praticamente encostadas, nós sabíamos que se perdêssemos pontos, e o Paredes pelo calendário que tinha, ia aproveitar o deslize de qualquer uma das equipas que fraqueja-se. Felizmente nós não facilitamos e conquistamos as quatro vitórias o que foi um prémio mais do que merecido para uma equipa tão jovem.
Com o decorrer da época, houve a integração de alguns jogadores como o Mansilha, o João Pinto, o Luís Ribeiro, entre outros. Acha que também foi determinante a entrada deles na equipa?
Foi sem dúvida alguma determinante. Acho que devemos de dar até uma palavra de agradecimento ao Leixões pela forma como colaborou. Penso que foi bom para as três partes, para o Leixões, pois não estava a tirar proveito de atletas que não estavam a ser opção como eles queriam, para os atletas (João Pinto, Luis Ribeiro e Tiago Lopes) que não jogavam e para nós, que dois deles eram jogadores nossos conhecidos pois saíram do Infesta para o Leixões e se saíram para lá, é porque tinham qualidade e valor e tínhamos a garantia que seriam mais-valias o que efectivamente aconteceu. Mas todos eles foram importantes, com excepção do João Diogo que veio lesionado do Felgueiras, foi recuperado, actuou em dois jogos e não apareceu mais sem qualquer justificação.
E para o futuro? Como vai ser a equipa de juniores?
O futuro irá certamente continuar a ser difícil, porque nós ainda não temos nos escalões de formação um patamar de competitividade que se aproxime uns dos outros. Os juvenis estão bem e estão próximos de conseguir a subida de divisão mas estão a competir numa competição distrital o que diferencia bastante da competitividade dos nacionais. Para um atleta, transitar de uma 2ª Divisão Distrital para uma 2ª Divisão Nacional júnior, não vai ser fácil. Dos que ficam desta época para a próxima, pelo menos sete vão ficar o que efectivamente é pouco. Eram onze que até nos davam algumas garantias de tranquilidade, mas como houve algumas desistências durante a temporada ficam pelo menos sete, embora estejam abertas as portas para os outros elementos. Dos juvenis, virão alguns elementos, não tantos quantos eu desejaria porque enquanto nós não conseguirmos ter duas equipas por escalão no clube, será mais difícil para nós, de uma época para a outra garantirmos qualidade. Enquanto isso não acontece, teremos que fazer algumas prospecções em alguns clubes e sei que o professor José Manuel Ribeiro juntamente com o seu colaborador, tem feito já algum desse trabalho. Iremos fazer também captações e tentar reforçar o plantel para que na próxima temporada, possamos ter um campeonato mais tranquilo.
E o Sr. Catalão, vai continuar como treinador na próxima temporada?
Ainda não sei, não se falou nesse sentido. Neste momento, o clube tem um coordenador técnico e irá ser ele a definir quem na próxima temporada serão os técnicos que ele quer para cada um dos escalões. Aquilo que eu falei anteriormente foi mais em função daquilo que o clube tem e que poderá necessitar para a próxima temporada.
Alguns destes atletas têm treinado na equipa sénior no decorrer da temporada. Como é que vê esta integração com os mais velhos? Poderá também ter sido benéfica essa integração para ganharem mais experiência?
É muito importante. Todos eles quando são chamados sentem uma motivação ainda maior para trabalhar. Pena é que não consigam fazer nos juniores aquilo que fazem quando treinam com os seniores a ponto de que os atletas dos seniores que pela qualidade que vêm nos atletas que lá vão treinar, surpreendem-se como é que o plantel júnior tem tido uma prestação tão baixa. Eles também têm lá uma postura de maior rigor, não facilitam tanto e sabem que estão ali não só a treinar mas também a ser observados.
Destes atletas, já sabe se há algum que vá ficar no plantel sénior na próxima temporada?
É outra das questões que ainda não me falaram. Certamente que o professor José Manuel, já terá alguma ideia sobre o futuro de algum deles e há semelhança daquilo que já tinha referido na temporada passada, quem me dera que ficassem cá mais mas eu conheço bem o professor José Manuel e sei que ele é um homem do futebol, é uma pessoa da casa mas tem uma qualidade que não pode ser esquecida e que é não sobrepor a paixão à razão e sei que ele também gostava que ficassem mais. Mas é de facto melhor para o clube e também para os atletas estarem a competir noutras equipas e evoluírem do que estar aqui encostados só a treinar praticamente, embora a treinar também se aprenda mas não se evolui tanto como quando se joga. E eles estando a jogar mesmo em escalões inferiores, não serão esquecidos e sabemos que há alguns que saíram daqui e até estão a jogar. Pode não ser esta época que possam regressar mas o clube continua atento à evolução deles e a todo o momento podem ser contactados no sentido de voltarem ao Infesta. Mas em relação a este ano, não me foi falado ainda sobre essa possibilidade, mas tenho a esperança que possa ficar um ou outro atleta.
Como é que tem visto todo este trabalho no Infesta, desde a Academia até aos juniores?
Eu tenho e procuro acompanhar a formação e fico encantado com todo este trabalho, principalmente o da Academia. Penso que a nível da formação tem evoluído, embora ainda não estejamos no nível que queremos e é como diz o ditado, “Roma e Pavia não se fizeram num dia” e acreditamos que as coisas ficarão muito melhor no futuro e o muito melhor, será a curto prazo em colocar os escalões de competição num patamar mais alto na Associação de Futebol do Porto para aqueles que ainda não estão e mais a médio prazo, porque não em colocar todos nos nacionais. Mas penso que as coisas estão no bom caminho principalmente nos escalões mais elevados e ai a responsabilidade é de alguém que entende muito de futebol e que segue o futebol neste clube com muita paixão e com vontade que este clube, cresça cada vez mais.
Para finalizar, gostaria de deixar uma palavra aos infestistas?
Para mim fica o agradecimento porque ao longo da época e há semelhança do que fizeram no ano passado no nosso escalão, o apoio não faltou. Espero que continuem a apoiar, não só nos seniores mas na formação e um exemplo em que a família infestista está unida foi visto nesta terça-feira em que a bancada esteve com gente em que em poucos jogos da equipa sénior acontece. Há no clube escalões em que precisam do apoio, os juvenis estão com a subida em perspectiva, os seniores podem conseguir a subida já neste fim-de-semana e no andebol, há dois escalões em que por exemplo os seniores que estão a lutar pela manutenção, vão ter jogos decisivos e os próprios juvenis que ainda estão a lutar pela subida de divisão. Vamos contar com o vosso apoio para ver se o clube cresce cada vez mais, não só em resultados mas também para ver se conseguimos chamar mais gente a este clube pois ele merece.
Filipe Dias