Com José Fonseca como director de formação do andebol, os juniores conquistaram dois títulos nacionais.
José Fonseca é o actual director de andebol do FC Infesta. Com mais de 20 anos de dirigente infestista, tem nos títulos nacionais da 2ª divisão de juniores em 2006 e 2008 e no campeonato nacional da 3ª Divisão de 2011 pelos seniores, os seus maiores troféus.
Antes de iniciar a entrevista, gostava que o Sr. José Fonseca desse a conhecer como é que chegou a este lugar de director de todo o Andebol do Infesta.
Parece que não, mas eu já devo ter mais de 20 anos de dirigente do Infesta, dividido entre o futebol e o andebol. Fiz o cargo de director de equipa desde os infantis até aos juvenis de futebol e depois é que fui para o andebol. Sempre fui um homem de área, nunca fui de gabinetes, pois prefiro estar com os jovens. A vinda para o andebol, aconteceu por causa do meu filho. Ele queria jogar andebol e eu, na altura como era dirigente no futebol, resolvi evidentemente, traze-lo para o Infesta. Ele veio para os infantis e eu, ainda estive alguns anos ligado ao futebol, mas depois, o João Paulo, que é um dos actuais directores do andebol, achou que como eu queria acompanhar o meu filho no andebol, fazia mais sentido vir para esta modalidade. E assim aconteceu, quando o meu filho chegou aos juvenis, eu vim para o andebol do clube. Sempre fui vogal da direcção no Infesta e só neste ultimo mandato, é que passei a ser vice-presidente, sendo um dos responsáveis pela formação. Comecei nos juvenis, passei para os juniores e depois, é que acumulei as funções de responsável pela formação.
Nesta temporada, tivemos duas equipas que deram nas vistas, que foram os juvenis A e B. Como é que viu todo este sucesso destas duas formações?
Eu desde que assumi a responsabilidade da formação do Infesta, embora já o soubesse, constatei mesmo que este clube necessita de viver da formação. O Infesta não tem o arcaboiço de outras equipas em que nos seniores, podem ir buscar um jogador aqui e ali. Todos os nossos atletas seniores, jogam pelo chamado “amor à camisola” e por isso mesmo, achei que era importantíssimo que fosse feita uma boa formação. Ao fazer uma boa formação, o trabalho desenvolve-se e os resultados acabam por aparecer. Convém relembrar que os juniores já foram campeões nacionais da 2ª divisão por três vezes nestes últimos anos, fruto também de um bom trabalho de formação. Esta equipa de juvenis que foi vice-campeã nacional da 2ª divisão, pois perderam o último jogo com o Tarouca, que foi o campeão nacional, são miúdos que já jogam desde os minis, portanto é um trabalho que já vem de alguns anos. Nós estamos a apostar bastante nesta faixa etária pois quando estes miúdos chegarem aos seniores, a maior parte dos actuais jogadores seniores já estão numa idade em que estão a terminar as suas carreiras. Portanto, daqui a 3, 4 anos, vai haver uma renovação de equipa que nos vai trazer garantias. A equipa B foi formada devido ao excedente de atletas. O Padroense tinha fechado a sua secção de juvenis de andebol e a maior parte dos jogadores, vieram bater à nossa porta. Ora como o Infesta não gosta de mandar ninguém embora, quando dei conta, já tinha cerca de 40 jogadores e por isso mesmo, nós decidimos criar essa equipa B para todos eles terem competição durante o ano. Recordo que o primeiro jogo destes miúdos, foi frente ao Gondomar e perderam por 53-9 e isto prova que eles ao longo da época foram trabalhando até chegarem ao título regional. Ninguém estava à espera mas ficamos todos contentes.
Mas eles na fase final, contaram com uma “ajudinha” de atletas da equipa A…
Sim, mas todos eles durante a semana, eram uma equipa. O treinador era o mesmo. Só ao fim de semana é que eram divididos. Por isso, sempre olhamos para eles como uma equipa e não duas. Nesta época que vai entrar, as coisas já serão diferentes. Como a equipa A garantiu a subida à 1ª divisão nacional, a equipa B, como campeã regional tem o direito de se inscrever na 2ª divisão nacional e ai os moldes já serão diferentes.
O Infesta todos os anos, consegue quase sempre vencer uma competição, nem que seja regional, portanto, é um clube ganhador no andebol. Como é que explica que só por uma vez o Infesta conseguiu chegar à 1ª Divisão Nacional?
Convém dizer que o Infesta esteve na 1ª Divisão Nacional num contexto diferente. Esteve na Divisão de Elite 2002/03 que era organizada pela Federação mas as grandes equipas, à excepção do Benfica, estavam na Liga. Não é fácil chegar à 1ª Divisão. Só existem 12 equipas a disputar essa competição e há apenas duas vagas por época para lutar. Nós notamos que na 2ª Divisão há muita competitividade por lutar por esses dois lugares, dai o nosso ano menos bom na equipa sénior. Além disso, nós somos um clube formador. Quase sempre os nossos melhores atletas, não chegam à equipa sénior, porque dão nas vistas na formação e os grandes clubes vêm-nos buscar. Posso dar um exemplo de um atleta iniciado que já tem um pré-acordo com o FC Porto e que nunca irá chegar aos seniores. Isso acontece-nos muito.
Falando da equipa sénior, o Infesta desportivamente desceu de divisão, mas vai ocupar o lugar do Alavarium que desistiu de participar na 2ª Divisão Nacional. Com a garantia de jogar a 2ª Divisão, quais os reais objectivos desta equipa?
É a manutenção. Tentar ficar num lugar mais ou menos a meio da tabela na primeira fase e na segunda fase, tentarmos ser pelo menos, antepenúltimos pois os dois últimos classificados, descem de divisão. O plantel é o mesmo, há uma contratação que vem do Aguas Santas que é o Bruno Pião e que vem colmatar a saída de um nosso atleta que é o Nuno Farelo. Tem também uma diferença que é nos guarda-redes. O Emanuel só estará apto em Fevereiro por via da lesão que o apoquenta, o Nuno Costa saiu novamente para o Gaia e o André Fonseca, vai para Espanha fazer o doutoramento. Por isso apenas tenho o Cesário. Neste momento estamos à procura de um guarda-redes para fechar o plantel. Mas gostava de realçar uma coisa, nós descemos de divisão, é um facto, mas a primeira coisa que os atletas, nas reuniões que tive com eles no final da temporada passada, foi de que queriam colocar este clube novamente na 2ª Divisão Nacional. Não tive dificuldade nenhuma nos acordos com os atletas, pois todos eles foram unanimes em querer recolocar o Infesta na 2ª Divisão Nacional. Felizmente já não é preciso, pois por via administrativa, conseguimos a permanência. Penso que com esta equipa, vamos fazer um campeonato diferente, embora, este ano, tenham descido equipas de referência e que devem ficar na nossa zona que são o ISMAI e o São Bernardo. Não vai ser fácil mas estamos confiantes.
E nas restantes equipas, quais os objectivos?
São parecidos com os da temporada passada. Os juniores tiveram uma má prestação na temporada passada e por isso o treinador quis sair. Será escolhido um treinador dentro dos actuais que temos disponíveis nos nossos quadros técnicos, mas que será divulgado num futuro próximo. Por via disso, nós reformulamos esta equipa e por isso, há jogadores que não irão ser contactados. Vou contactar apenas cerca de 10 a 12 atletas para continuar. Esta será uma época de transição pois quero apenas que façam um campeonato tranquilo, para preparar a temporada 2013/14 para atacar a subida à 1ª Divisão Nacional com atletas que este ano vão disputar o campeonato nacional de juvenis. Relativamente aos juvenis, a equipa A que terá o mesmo treinador, que é o Fábio Torres e que fez um excelente trabalho, sendo por isso agraciado na festa de final de época que fizemos há umas semanas, o objectivo passa obviamente pela manutenção mas se conseguirmos algo mais, será extraordinário. A equipa B, vai competir na 2ª Divisão Nacional e vou deixa-los tentar conquistar, aquilo que a equipa A esteve muito próximo de conseguir que é o titulo nacional. Seria um feito fantástico conseguir ter duas equipas na 1ª Divisão Nacional de juvenis na próxima temporada, algo que nunca aconteceu neste clube. Para treinar esta equipa convidamos o Amílcar, que era o treinador adjunto dos seniores e esperamos que realize um excelente trabalho. Nos iniciados temos um grupo pequeno pois houve alguns atletas que quiseram sair para a Académica de São Mamede e aí, penso que as regras da formação estão mal pois a lei diz que os atletas até aos 13 anos, são livres de se transferirem sem o clube ser ressarcido mas aos 13 anos, muitos atletas já têm 6 anos de formação de andebol. Por isso, o objectivo passa por fazer um bom campeonato e ficar o mais acima possível. Para esta temporada contratei o Pedro Neves à Académica de São Mamede para ficar a comandar esta equipa. Os infantis, à semelhança dos minis, é formar bem o jogador, não só no andebol mas também socialmente e tentar ficar num lugar em que possam ir ao encontro nacional de infantis, assim como os minis. Para a equipa de infantis, convidamos o Sr. Oliveira do Gaia para treinar esta equipa. Penso que apostamos bem. Mas gostava de realçar o seguinte, para todos estes objectivos serem alcançados, há um trabalho muito importante por detrás de toda esta estrutura que é o dos dirigentes. Passam mais despercebidos mas sem eles, não havia hipótese de conseguir todos estes objectivos.
Esta temporada, temos uma equipa que penso que seja inédita no clube, que é o andebol feminino. Como surgiu esta ideia?
É verdade. Surgiram aqui umas meninas que queriam jogar andebol e nós começamos a pensar e a ver que eram mais ou menos todas da mesma idade. Com os pés bem assentes no chão, vamos formar só uma equipa para ver no que isto vai dar. Será no escalão de iniciados e vamos inscreve-las sem requisitos no regional, pois nenhuma destas meninas tem experiencia de andebol. Nós também aceitamos este desafio porque São Mamede, tem apenas na Académica algo que as meninas possam praticar desporto, que é o voleibol. Com todo o respeito que a Académica nos merece e o voleibol, penso que é uma boa opção pois assim, aquelas meninas que não gostam de voleibol, têm aqui a oportunidade de praticar outra modalidade. Para esta equipa, convidamos o Cesário Pacheco para ser o treinador, pela sua experiencia no MaiaStars onde já treinou uma equipa de andebol feminino.
Há um problema que afecta o clube de há muitos anos para cá, que é a questão das infraestruturas. Como está a questão do pavilhão, sempre vai haver pavilhão novo ou não?
Como todos sabem, o nosso complexo desportivo está parado, infelizmente pelas conjecturas actuais do país. Nós gastamos muito dinheiro em jogos e treinos no Pavilhão da Escola Abel Salazar, cerca de 11 mil euros por ano. Por isso, tivemos uma reunião há uns dias na Camara Municipal de Matosinhos com o vereador do desporto, Dr. Guilherme Aguiar, onde estive presente com o nosso Presidente Manuel Ramos e o Vice-Presidente Jorge Amaro, tendo-nos sido proposto treinar e jogar no Pavilhão do Padrão da Légua ao qual nós rejeitamos devido ao facto de não termos qualquer hipótese de deslocar os nossos atletas todos os dias para fora da nossa freguesia. Por isso, nós retorquimos e propusemos continuar na Escola Abel Salazar. A diferença este ano é que vai haver um agrupamento das escolas de São Mamede e onde já falamos com o vereador da educação, o Prof. Correia Pinto para ver se nos arranja uma solução para ser mais barata a utilização do Pavilhão da Escola Abel Salazar pois é o único onde nós podemos actuar. Queria realçar o facto que apesar das fracas condições de trabalho que possuímos actualmente, conseguimos fazer boas figuras com as nossas equipas. Por isso, tenho a certeza que se o Infesta tivesse um pavilhão só seu, estas prestações das equipas seriam muito melhores e nos garantiam mais títulos às nossas equipas.
Para terminar, quer deixar uma mensagem aos adeptos?
Sei que os nossos adeptos gostam de andebol, pois nos nossos jogos dos seniores, a bancada está sempre bem composta. É uma equipa jovem que foi campeã nacional da 3ª Divisão na temporada passada e que bem merece todo o apoio. Gostava também que a equipa de juvenis fosse mais apoiada pois vai estar na 1ª Divisão Nacional e os jogos esta temporada já serão aos sábados à tarde. Mas sei que o problema é que às vezes os horários dos jogos coincidem com os do futebol e por isso, na hora da escolha do adepto, acabe por pender para o futebol. Deixo aqui também um convite aos pais dos nossos atletas para que estejam mais presentes nos jogos dos seus filhos, pois enchem mais o nosso pavilhão e a equipa ganha mais animo e apoio. Gostaria também para terminar que apoiem única e exclusivamente o Infesta e que não se preocupassem com os factores externos ao jogo, nem com os árbitros pois por vezes, traz prejuízos.
Filipe Dias