Descrever a história, embora resumida, duma Associação com tamanha grandeza e longevidade, como o Futebol Clube de Infesta, é sempre tarefa difícil, já que a voragem do tempo e as mudanças de sede, com todos os inconvenientes que daí decorrem, vão deixando amarelecer alguma documentação e perder mesmo parte dela, contribuindo para a amputação de alguns factos e eventos que tornariam, porventura, ainda mais rica a sua retrospetiva.
Não obstante tais dificuldades, superadas pelo aliciante da tarefa, procuramos, o mais aprofundadamente possível, meter mãos à obra e passamos a letra de forma aquilo que entendemos serem os marcos mais importantes da vida de um Clube, cuja fundação efetiva, com o nome que ainda hoje ostenta, remonta ao primeiro dia de agosto do ano de 1934.
Antes disso, porém, já existia, em 1923, “O Infesta Sport Club”. Todavia e por paixões clubísticas, um grupo de desportistas mamedenses, decorria o ano de 1930, transformou-o no “Leões do Norte Sport Club” que, em 1 de janeiro de 1931, passou a designar-se “Leões D’Infesta Sport Club”.
Toda esta matéria é suscetível de ser dissecada.
E é em reunião de Assembleia-Geral, realizada em 26 de fevereiro de 1934, presidida por Carlos Guilherme Francisco Pinto, que o “Leões D’Infesta” delibera “tornar-se filial do Foot-Ball Clube do Porto e adotar o nome de “Foot-Ball Clube de Infesta”, elegendo o azul e branco como cores obrigatórias.
A sigla manteve-se, ainda por algum tempo, encimada pelo Leão, tornando-se, mais tarde, na que hoje perfilha.
Esta deliberação foi tomada na Assembleia-Geral realizada em 18 de julho de 1941.
Dado este memorável e histórico passo nas instalações dos Bombeiros Voluntários de S. Mamede, que graciosamente cederam espaço ao “Infesta” para ali instalar a sua sede provisória, e eleitos os Corpos Gerentes, estavam lançados os fundamentos indispensáveis para o arranque duma Coletividade, a cujos Dirigentes de então não faltava nem a experiência, adquirida na condução de Clubes que ao “Infesta” deram origem, nem a ambição, traduzida no facto de se transformar em filial de um dos maiores Clubes Portugueses – O Futebol Clube do Porto.
E não foram, de facto, frustradas as esperanças, nem baldados os esforços, muito menos traídos os objetivos.
Longa, difícil e mesmo espinhosa tem sido a tarefa de então para cá. Mas o “Infesta”, numa verdadeira simbiose da “raça de Leão”, donde proveio, e da “força do Dragão”, que lhe serviu de patrono, tem sabido escolher os seus Diretores, honrando a sua história e, tornando-se num Clube que ultrapassou os limites da Cidade e do Concelho, é hoje conhecido e respeitado a nível Nacional.
Logo em 1935, um ano após a sua fundação, o “Infesta” passa a dispor de um terreno para a prática do futebol – O Campo das Laranjeiras – a que foi dado, mais tarde, o nome de “Moreira Marques”, dedicado Dirigente da altura, e de um outro espaço que lhe ficava contíguo, onde se começou a praticar o basquetebol.
Em 23 de junho desse ano, enche-se o campo para receber as reservas do F. C. do Porto, em jogo aprazado para festejar o 1º aniversário do “Infesta”.
Três anos depois, conquista o seu primeiro título, em reservas, e consegue um honroso 3º lugar, na categoria de honra, no Campeonato da 2ª Divisão dos Concelhos Agrupados (Porto, Matosinhos, Gondomar, Maia e Póvoa de Varzim).
Em 1941, uma lacuna é superada, com a instalação da Sede Social e Administrativa no 1º andar do n.º 6141 da Avenida do Conde, onde permaneceu até 1989.
Prosseguindo num contínuo e persistente desbravar do terreno, rasgando novos horizontes e trilhando sempre a senda de um permanente progresso, um grupo de “Infestistas”, em 1970, liderado por José Gaspar Lino, consegue enriquecer o património do Clube, adquirindo o campo de jogos que, até aí, era arrendado.
Entretanto – decorria o ano de 1974 – Manuel Ramos, assume a liderança dos destinos do “Infesta”, imprimindo-lhe um dinamismo ímpar em todos os domínios. Superando dificuldades, à altura consideradas intransponíveis, e sacrificando, aos interesses do “Infesta”, intermináveis horas da sua vida, consegue que o Clube cresça e se desenvolva, quer no domínio patrimonial, quer desportivo e o faça em simultaneidade.
E é desta visão global e do correspondente trabalho realizado, verdadeira combinação do querer, do crer e do saber, mas também do “sonho que anima a vida”, que a obra nasce, dando razões ao poeta.
Em 15 de outubro de 1975 é inaugurado o então parque de jogos, dotado de iluminação artificial, com capacidade para 7500 espectadores, possuindo uma bancada coberta para cerca de duas mil pessoas, sob a qual são instalados balneários, sanitários, lavandaria, posto médico e gabinetes de apoio às várias secções, vindo a ser beneficiada, alguns anos volvidos, por uma sala de imprensa, com visão privilegiada para o terreno de jogo.
Nesta verdadeiramente imparável dinâmica, tendente a apetrechar o Clube das indispensáveis estruturas a que o seu crescimento desportivo obriga, é inaugurado, em 1982, o Pavilhão Gimnodesportivo para a prática dos desportos em recinto coberto, com lotação para 2000 pessoas. E aqui está realizado mais um dos sonhos do “Infesta”, como forte contributo para o seu desenvolvimento. A este espaço, como justa homenagem ao seu grande impulsionador e maior obreiro, foi dado o nome de “Manuel B. G. Ramos”.
Entretanto, a velha e acanhada sede da Avenida do Conde tornava-se cada vez mais distante e menos funcional, senão mesmo um forte entrave às acrescidas exigências de um “Infesta” em crescimento contínuo.
Assim, em 1984, meteu-se ombros à difícil tarefa de construir, junto ao campo, uma nova Sede Social. Do pensar ao fazer, do sonho à realidade, foram imensas dificuldades que ficaram pelo caminho. E ela aí está integrada num todo, constituída por rés-do-chão e primeiro andar, equipada de ginásio, casa de guarda, secretaria, salas de reuniões e de troféus, esta inaugurada oficialmente no dia 2 de agosto de 1998, onde é possível apreciar o magnífico espólio do Clube arrebatado, ao longo da sua existência, por quem o serviu.
Ainda em 1984, outra lacuna é colmatada com a aquisição do primeiro autocarro – um MAZDA – que, posto ao serviço permanente das diversas equipas, muito contribuiu para o desenvolvimento de cada uma delas. Contudo, a constante movimentação de atletas aguçou a indispensabilidade do Clube se munir com carrinhas de nove lugares: em 1996, uma RENAULT e uma FIAT, em 2004, uma FORD, em 2009, outra FORD, e em 2018, uma MERCEDES, esta cedida gratuitamente pela Associação de Dadores de Sangue da EDP, sob a especial mediação do Dirigente Álvaro Guimarães Teixeira. Mas também aqui não se parou, já que, em 1999, chegou ao Clube o segundo autocarro – um RENAULT – ofertado pelo Associado e posteriormente Dirigente Jaime Alves Pereira Tulha, facto que, conjugado com o apoio financeiro prestado à Secção de Andebol, lhe valeu a elevação à categoria de Sócio Benemérito, estatuto revigorado pela cedência graciosa de duas das carrinhas atrás mencionadas. Porém, a lei que regula o transporte de crianças com idades inferiores a 16 anos obrigou o Clube, em 2009, beneficiando da preciosa colaboração da Câmara Municipal de Matosinhos, a substituir o autocarro adquirido em 1984, por um outro – um TOYOTA – devidamente apetrechado com todos os requisitos exigidos. Por estes dias, o “Infesta” é possessor deste último autocarro e de três carrinhas de nove lugares.
No plano desportivo, entre 1973 e 1976, a formação sénior de futebol consegue três subidas de escalão consecutivas, chegando à 3ª Divisão Nacional, onde se manteve até 1982/1983. Na época seguinte sagra-se Campeã Regional da 1ª Divisão, o que lhe permite regressar à competição nacional.
Por essa altura evidenciava-se no sector defensivo da equipa o atleta José Guimarães Teixeira que, conciliando a atividade desportiva com a académica, formou-se Economista, passando consequentemente a desenvolver uma carreira de sucesso enquanto empresário, representando entidades que se revelaram, por seu intermédio, patrocinadoras oficiais do Clube, a partir da década de 90 e até aos dias de hoje – primeiro a “Mabera – Acabamentos Têxteis, S.A.” e depois a “Brali, Lda.”.
Em 1989, na sequência de um trabalho sempre norteado pela eficiência, pela cuidada planificação e pela força de vontade, a equipa regista o seu ponto mais alto com a subida à 2ª Divisão, colocando ao Clube um novo imperativo – o de melhoramento no recinto e arrelvamento do campo. Tudo isso é feito e o dia 19 de outubro desse ano aí fica como mais uma etapa percorrida pelo “Infesta” – a inauguração dessas obras.
Não se compadecendo a relva com o cada vez maior número de praticantes e a sobrecarga de treinos, socorria-se o “Infesta” da cedência e arrendamento de recintos de outros Clubes, não raras vezes distantes, com todas as inconveniências e transtornos que daí decorriam, quer em perdas de tempo, quer em dispêndios financeiros e de energias, o que prejudicava a normal prática do futebol.
É o crescimento em permanência, criador de um desenvolvimento planificado. É o progresso constante, gerador de novas exigências.
O “Infesta” vê-se perante a imperiosa necessidade de ter um campo de treinos, onde possa preparar os seus atletas, sem dependências alheias e onde as camadas jovens se desenvolvam e adestrem, como segura garantia de um futuro ainda melhor.
E é, em agosto de 1992, mais uma vez Manuel Ramos quem soluciona esse problema, colocando ao dispor do “seu” “Infesta” o “Campo da Arroteia”, entretanto construído numa propriedade sua – a Quinta da Arroteia – fazendo-o graciosamente, na expectativa de que, face à promessa da Câmara Municipal de Matosinhos que visava a edificação de um Complexo Desportivo para o Clube, o fazia somente por dois ou três anos…
Este facto – mais um – pelo profundo significado, dispensa palavras. Regista-se para a história do “Infesta”.
E foram gestos destes e outros de idêntico valor que terão levado o Governo Português, na pessoa do Dr. Miranda Calha, Secretário de Estado do Desporto na altura, a condecorar com a “Medalha de Bons Serviços Desportivos” o Presidente Manuel Ramos, em 3 de novembro de 1997.
Antes, porém, aquando das comemorações do 60º aniversário do F. C. de Infesta e da justa homenagem que foi prestada a Manuel Ramos pelos seus 20 anos de presidência, em 1994, já a Câmara Municipal de Matosinhos e a Associação de Futebol do Porto haviam-lhe atribuído a “Medalha de Valor Desportivo Dourada” e o “Diploma de Sócio de Mérito da A.F.P.”, respetivamente, bem como, à posteriori, veio a ser superiormente distinguido pela Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta, por proposta do seu Presidente, Moutinho Mendes, ratificada em Assembleia de 13 de Junho de 2006, com a “Medalha de Valor Desportivo”.
Ao descrever-se, embora sinteticamente, o gradual, mas seguro crescimento do Futebol Clube de Infesta e ao afirmar-se a sua respeitabilidade a nível nacional, não se pode deixar em claro a atribuição do título de “Instituição de Utilidade Pública”, que lhe foi concedido por despacho de 20/07/83, por sua Excelência o Sr. Dr. Mário Soares, à data Primeiro Ministro.
E se esta distinção é sobremaneira honrosa, também é altamente significativo o facto das Associações do Porto – de Futebol e de Andebol – terem elevado o Clube a “Sócio Honorário” – a primeira em 08/02/1988 e a segunda, mais tarde, em 27/03/2008.
No ano de 1999, três factos que unidos em si, marcam indubitavelmente mais um marco na Coletividade: as comemorações do 65º aniversário do Clube e dos 25 anos da presidência de Manuel Ramos, bem como a homenagem ao técnico Augusto Mata pelos seus 25 anos ao comando da equipa sénior de futebol.
Entendeu a Direção do “Infesta” que haveria de ser dado o brilhantismo e o realce necessários a cada um dos eventos, e logo foi nomeada uma comissão organizadora que elaborou um vasto programa posto em prática ao longo daquele ano.
Desse cartaz, destaca-se a vinda ao Estádio Moreira Marques do Clube Portugal, seleção portuguesa de velhas glórias, que se bateu com os veteranos da casa, e da primeira equipa do F. C. do Porto, que disputou e venceu a “Taça Manuel Ramos” frente ao F. C. de Infesta, bem como o almoço de encerramento das comemorações, realizado no Restaurante “Braseiro do Norte”, em 10 de outubro, no qual participaram cerca de quatrocentos convivas.
De salientar também o torneio quadrangular “Augusto Mata”, que serviu de base para homenagear o técnico, tendo sido descerrada uma placa, na entrada do parque de jogos do Clube, evocativa à sua dedicação, que remete o nosso imaginário para o seu talento e para as suas capacidades naturais. Famosa ficou a tática do “fora-de-jogo”, interpretada sublimemente pelos seus jogadores, com a rápida subida da defesa em linha, colocando os atletas adversários constantemente naquela situação irregular. Conta-se que treinadores de outras formações, em autênticas missões de espionagem, visitavam várias vezes o “Moreira Marques” para apreciar a estratégia. Pela sua orientação passaram jogadores que viriam a transferir-se para Clubes da 1ª Divisão, destacando-se nesse lote os nomes de Tavares (F. C. do Porto, Boavista e Benfica) e Romeu (F. C. do Porto, Marítimo, Guimarães e Belenenses), por terem almejado o estatuto de internacionais. A carreira de Mata no “Infesta”, porém, viria a terminar em 2003, de comum acordo com a Direção, após 29 épocas de ligação tão efetiva quanto afetiva, sucedendo-lhe Manuel António, até aí seu adjunto e ex-jogador.
Este, por sua vez, representou o Clube durante 27 anos consecutivos e fê-lo com extrema dedicação e também com bastante brio, tendo-se destacado pela sua coragem em assumir o comando técnico da equipa sénior de futebol, após a saída do seu antecessor, numa altura em que as reduções orçamentais que foram impostas condicionaram a formação do plantel, decorria o defeso da época desportiva 2003/04. Estes factos valeram-lhe a elevação à categoria de sócio de mérito do “Infesta”, no seguimento de uma proposta da Direção aprovada por unanimidade e aclamação, na Assembleia-Geral de 17 de julho de 2009. O seu trajeto no Clube viria a terminar, igualmente por comum acordo com a Direção, no final da temporada 2009/10, depois de duas descidas de divisão seguidas.
E foi nas camadas jovens que se encontrou outro treinador – Waldemar Silva – cujo nome é igualmente uma referência no Clube. Com uma visão sempre adiantada no tempo, qual “Zé do Boné”, na sua qualidade de coordenador, soube antecipadamente entender que os escalões de formação deveriam ser o verdadeiro alicerce da equipa sénior de futebol. Assim, dotado de uma personalidade irreverente, por muitos incompreendida, procurou numa primeira fase colocar todas as equipas na divisão superior dos respetivos campeonatos distritais da Associação de Futebol do Porto, para numa fase posterior fazer com que os juniores ascendessem aos nacionais, onde oscilaram entre a primeira e a segunda divisões. Surpreendentemente, acabou por se demitir das suas funções em outubro de 2010, num tempo em que as equipas juvenis do “Infesta” começavam a perder o fulgor que as caracterizou.
Ao longo do ano de 2009, o “Infesta” assinalou o seu 75º aniversário – as bodas de diamante – com a promoção de uma série de iniciativas, entre as quais se destaca, pela sua peculiar importância, a inauguração do seu site oficial, numa cerimónia realizada no dia 24 de julho, no Salão Nobre da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta, que se tornou pequeno de mais para acolher tantos infestistas. Desenvolvido sob a responsabilidade de António Durval, que não se poupou a esforços na sua criação, o site possibilitou ao Clube aderir às modernas tecnologias, globalizando-o. Cerca de dois anos após a sua implementação, esta ferramenta passou a ser gerida por um autodidata sócio do “Infesta”, de seu nome Filipe Dias, que lhe imprimiu um novo conceito, através de uma dinâmica mais inovadora e constantemente atualizada, como efetivamente convém.
Entretanto, o Estádio Moreira Marques, na época desportiva 2010/11, passou a não poder receber os encontros da principal equipa do “Infesta”, por força de uma imposição das entidades oficiais que regulamentam a modalidade, que determinou como dimensões mínimas para os terrenos de jogo as medidas de 100 metros de comprimento por 64 metros de largura, o que não se verificava.
O Clube deparava-se com um problema de cariz patrimonial, que requeria uma atuação célere, uma resolução rápida e eficaz.
Uma vez mais, foi Manuel Ramos quem solucionou o problema, doando legalmente o direito de superfície do “seu” Campo da Arroteia ao “Infesta”, pelo prazo de dez anos, para que nele se pudessem efetuar os devidos trabalhos de adaptação às normas exigidas, com a colaboração financeira da Câmara Municipal de Matosinhos.
Assim, desde o alargamento do terreno de jogo e consequente arrelvamento sintético, à construção de novos balneários, sanitários e posto médico, até à edificação de uma bancada coberta para cerca de quinhentas pessoas, a obra fez-se num ápice.
Na tarde do dia 13 de março de 2011, com a pompa e a circunstância merecidas, procedeu-se à inauguração dos melhoramentos levados a cabo no Campo da Arroteia, passando o espaço, a partir daquela data e de acordo com a placa evocativa que foi descerrada, a assumir a denominação de “Parque de Jogos – Manuel Ramos – Arroteia”.
Mas nem só de futebol viveu e vive o “Infesta”. Outrora, a sua atividade estendeu-se a outras modalidades que, sem terem tido uma grande projeção, fizeram dele um Clube eclético – basquetebol, andebol de onze, ténis de mesa, pesca desportiva, kung-fu, campismo e caravanismo, são disso bons exemplos.
Nos nossos dias é o andebol de sete que também marca a sua presença, muito contribuindo para o engrandecimento da Coletividade. Iniciando-se a sua prática na década de 60, já com vários títulos nacionais e regionais conquistados, regista-se singularmente a participação da equipa sénior, na temporada 2002/03, na Divisão de Elite, à altura o escalão máximo da especialidade, sob a orientação técnica da figura carismática do Prof. Fernando Baptista. De realçar, ainda, as camadas jovens que, concentrando cerca de cento e cinquenta jogadores, têm vindo a desenvolver um trabalho meritório, assumindo nota digna de particular orgulho a conquista pelos juniores de três Campeonatos Nacionais da 2ª Divisão, nas épocas 2002/03, 2005/06 e 2007/08.
De resto, a temporada de 2010/11 será recordada como uma das páginas mais douradas no historial do “Infesta”, pelo facto de três das suas principais equipas se terem sagrado campeãs. Na modalidade de futebol, os seniores venceram o Campeonato Distrital da 1ª Divisão de Honra e os juniores ganharam o Campeonato Distrital da 1ª Divisão – ambos os escalões garantiram o regresso aos quadros competitivos nacionais. Ao nível do andebol, os seniores conquistaram gloriosamente o Campeonato Nacional da 3ª Divisão.
Para este sucesso, muito contribuíram as pessoas do Prof. José Manuel Ribeiro, que havia substituído Manuel António no comando técnico da equipa sénior de futebol, de José Catalão, que pegara na equipa de juniores após a demissão de Waldemar Silva, e de Paulo Guimarães, que acumulando simultaneamente as funções de coordenador técnico da secção de andebol e de treinador dos seniores, encaminhou este escalão para um título nacional.
Atenta à época vitoriosa do “Infesta”, a Junta de Freguesia local entendeu por bem distinguir o Clube com a “Medalha de Mérito e Valor Desportivo”, atribuindo-a numa cerimónia carregada de simbolismo, realizada em plena Praça da Cidadania, no dia 12 de julho de 2011, data em que S. Mamede de Infesta comemorava o seu 10º aniversário como Cidade.
Na temporada seguinte – 2011/12 – o “Infesta”, como que em contraciclo com o País, mergulhado numa verdadeira crise económica e social, continua a denotar sinais de grande vitalidade desportiva. Em futebol, a equipa sénior sagra-se vice-campeã da série B da 3ª Divisão Nacional e, pelo segundo ano consecutivo, volta a subir – à 2ª Divisão Nacional – recuperando um lugar que fora seu durante vinte épocas. A formação de juvenis sobe à 1ª Divisão Distrital, demonstrando que o trabalho de retoma efetuado nas camadas jovens começa a dar os seus frutos. Pelo seu lado, em andebol, regista-se com bastante agrado o título de campeã regional, conquistado pela segunda equipa de juvenis, que havia sido constituída para dar atividade ao excesso de atletas que não cabiam na equipa principal. Esta, por seu turno, terminou o Campeonato Nacional da 2ª Divisão no segundo lugar, com a consequente promoção à 1ª Divisão Nacional.
Entretanto, na época desportiva de 2012/13, dois factos – um pela positiva e outro pela negativa – assumiram peculiar relevância nesta abastada narrativa. Por um lado, sob a batuta de Luís Ferreira, mediante projeto devidamente fundamentado que colheu parecer favorável da Direção do Clube, foi criada uma equipa de futebol no escalão de veteranos, constituída maioritariamente por ex-atletas do “Infesta”. E o sucesso superou de tal forma as expetativas que, logo no seu primeiro ano de existência, a equipa conquistou a “dobradinha”, por se ter sagrado simultaneamente vencedora do Campeonato “As Árvores Morrem de Pé” e da Taça “Artur Baeta”. Por outro lado, assinalaram-se as derradeiras presenças da equipa sénior de futebol, quer no Campeonato Nacional da 2ª Divisão, uma vez que foi despromovida ao novo Campeonato Distrital da Divisão d’Élite Pró-Nacional da Associação de Futebol do Porto, quer na Taça de Portugal, prova em que jogou pela última vez, no dia 26 de agosto de 2012, frente aos transmontanos do Grupo Desportivo de Chaves.
O ano de 2013 ficará para sempre marcado na história do “Infesta”.
Aos oitenta anos de idade, completados no dia 16 de janeiro, o Presidente Manuel Ramos começava a denotar sinais patentes de não possuir condições físicas nem emocionais para enfrentar um novo mandato. Antevendo-se esse desfecho, ao longo do primeiro semestre, foram levadas a efeito quatro Assembleias Gerais, com o propósito de se debater o futuro diretivo do Clube, na clara tentativa de se encontrar uma alternativa. Todas as reuniões magnas redundaram inconclusivas. E foi já em pleno mês de junho, às portas do início de nova temporada e numa solução de emergência, que um grupo de seis Sócios – Jorge Amaro, Álvaro Guimarães, José Teixeira, José Catalão, José Fonseca e Paulo Guimarães – se propôs integrar o executivo duma Comissão Administrativa, evitando dessa forma que o Clube caísse num vazio diretivo. Com o intento de atuar pelo período de um ano, essa Comissão viria a ser ratificada em Assembleia Geral realizada a 28 de junho. E dois dias depois, volvidos trinta e nove anos, terminava o “reinado” de Manuel Ramos, enquanto Presidente da Direção do “Infesta”.
A par disto e no âmbito das comemorações do centenário da Associação de Futebol do Porto, ocasião houve ainda para que esta Instituição, tão justa quanto merecidamente, distinguisse Manuel Ramos, no dia 25 de março, com a “Medalha de Mérito Classe Prata“, que visava homenagear o Presidente de um Clube há mais tempo consecutivo em funções. Numa sublime cerimónia ocorrida no Coliseu do Porto e transmitida em direto pela estação televisiva do Porto Canal, ficará para sempre na memória de todos os espetadores a subida desarticulada ao palco de Manuel Ramos, visivelmente emocionado, que quase terminou numa queda fatal.
Porém, a fatalidade que não vingara ali adveio no dia 4 de outubro com o seu falecimento.
Já investida em funções, a Comissão Administrativa tentava contrariar as inúmeras dificuldades com as quais se confrontava, procurando não negligenciar os aspetos financeiro e administrativo, sempre essenciais para a sua boa imagem e estabilidade organizativa, não olvidar a memória de Manuel Ramos e a responsabilidade do seu legado, nem tão pouco deixar de manter o Clube em franca atividade desportiva e, se possível, até expandi-la.
A exemplos disso destacam-se aqui três ocorrências, todas elas verificadas no ano de 2014.
Em 1 de abril, não corroborando o tradicional dia dos enganos porque duma realidade se tratou, foi publicada a alteração dos Estatutos do F. C. de Infesta no Portal da Justiça, após escritura concretizada no dia anterior, num Cartório Notarial de Matosinhos, decorrente duma profunda revisão a cargo do Dr. Domingos Alves, causídico e dedicado Sócio do Clube, tendo ficado convenientemente atualizado um documento extraordinariamente precioso e basilar na vida das Instituições.
Em 4 de abril, precisamente meio ano depois do seu desaparecimento eterno, foi levado a efeito um tributo a Manuel Ramos, sob a condução de sua neta e jornalista Soraia Ramos, no Salão Nobre da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta, que se traduziu na passagem de um filme alusivo a si, ao qual se seguiu uma tertúlia com algumas personalidades, em que se falou fundamentalmente daquilo que representou a sua figura para o desporto, em geral, e para o Futebol Clube de Infesta, em particular.
Em 1 de julho, fazendo jus à expansão da atividade desportiva do “Infesta”, foi incrementada no Clube uma nova modalidade – o voleibol feminino, que teve como grandes impulsionadoras duas jovens e simpáticas praticantes: Mariana Teixeira e Sara Gomes. Na temporada de 2014/15, aquando o primeiro ano de atuação, a equipa sénior logrou vencer o Campeonato Regional e o Campeonato Nacional da 3ª Divisão, tendo alcançado categoricamente a ascensão ao Campeonato Nacional de 2ª Divisão.
Com a equipa sénior de futebol relegada para o Campeonato da Divisão de Honra da Associação de Futebol do Porto, fruto de consecutiva despromoção no final da época desportiva de 2013/14, em novembro de 2014 assume o comando técnico daquela formação, sucedendo a António Formoso, o treinador Jorge Pinto, conhecido no meio futebolístico por Jorginho, que começava a dar os primeiros passos nesta sua nova carreira, depois de ter findado a de jogador. Iniciava-se com ele um trajeto meritório que valeu a radiosa subida de divisão na temporada 2016/17 e que, por conseguinte, repôs o “Infesta” no principal escalão dos distritais, no qual se sustenta até ao presente.
No dia 4 de agosto de 2018, na sequência de obras de requalificação executadas no Pavilhão Manuel B. G. Ramos, através da valiosa colaboração da Câmara Municipal de Matosinhos, foi inaugurada pela Sra. Presidente da Autarquia, Dra. Luísa Salgueiro, a remodelação daquela infraestrutura desportiva, que passou a dispor de um piso de placas modulares de plástico polipropileno em substituição do pavimento de cimento, bem como de paredes e bancadas pintadas e de balneários renovados. Dessa forma, nos treinos e jogos das equipas de andebol e voleibol, foi possibilitado aos atletas desfrutar de outro conforto.
Todavia, os tempos modernos e a exigência do que deles resultou, nomeadamente para a modalidade de futebol, começaram a colocar aos clubes novos desafios, aos quais se tiveram de adaptar, sob pena de ficarem obsoletos.
Efetivamente, já em 2015, a Federação Portuguesa de Futebol havia iniciado um vasto processo de certificação, com o intuito de dar resposta à legislação prevista sobre a celebração e posterior registo de contratos de formação desportiva, que obriga à obtenção por parte dos clubes duma certificação como Entidades Formadoras. Para além do imperativo legal, tal processo assumiu desde o início o objetivo de avaliar, reconhecer e certificar a atividade de todas as entidades que disponibilizam formação a jovens praticantes até aos dezanove anos de idade e, nesse contexto, contribuir decisivamente para elevar os padrões de qualidade dessa formação.
O “Infesta”, por iniciativa e orientação da sua Comissão Administrativa, assumiu pela primeira vez a tentativa da angariação dessa certificação na época desportiva de 2018/19, tendo-a desenvolvido de forma ainda muito amadora, facto que não lhe permitiu obter o reconhecimento desejado. Contudo, em todas as épocas subsequentes, fruto do profícuo trabalho realizado e do persistente envolvimento de todos os seus recursos humanos, conseguiu alcançar a distinção como Entidade Formadora de 3 Estrelas, desiderato que enche de orgulho todos os infestistas.
Em março de 2020 começou a sentir-se em Portugal os efeitos da covid-19, doença que viria a ser declarada como pandemia e que obrigou a uma reestruturação de quase todos os setores da sociedade, à qual o desporto naturalmente não escapou. Foi com a população recolhida em confinamento que, Filipe Dias, membro da Comissão Administrativa e administrador do site, colocou em prática a ideia de levar a efeito uma série de entrevistas on-line a diversas individualidades relacionadas ao “Infesta”. E a iniciativa teve tamanho impacto na comunidade mamedense que, durante o período de 28 de março a 23 de maio de 2020, se realizaram 41 programas, através dos quais se pode ficar a conhecer a história de sócios, dirigentes, atletas, técnicos, clínicos, colaboradores, enfim, pessoas que, nesta ou naquela função, estiveram ou estavam ao momento agregadas ao Clube.
Um pouco à semelhança daquilo que acontecera com o Pavilhão Manuel B. G. Ramos, em junho de 2020, igualmente com o incondicional contributo da Câmara Municipal de Matosinhos, iniciou-se uma intervenção no carismático, mas já velhinho, Estádio Moreira Marques, que visou a substituição do seu relvado natural por um sintético e, decorrente disso, a pintura dos muros adjacentes ao terreno de jogo. Quase um ano depois, mais concretamente em 29 de maio de 2021, numa cerimónia condicionada pelos tempos da pandemia que ainda se vivenciavam e perante um grupo muito restrito de convidados oficiais, foi essa obra inaugurada pela Sra. Presidente da Autarquia, Dra. Luísa Salgueiro, e pela Comissão Administrativa do F. C. de Infesta, tendo o recinto desportivo ficado mais orientado para o tempo vindouro.
Inopinadamente, por este tempo, começava a vislumbrar-se no horizonte uma mudança diretiva no “Infesta”, que viria a colocar um ponto final na atuação das Comissões Administrativas que geriram o Clube durante oito anos consecutivos.
Com efeito, Luís Manuel Ribeiro Ferreira, que havia sido atleta de futebol nas camadas jovens, mais precisamente na função específica de guarda-redes, treinador de diversas equipas desses escalões e ainda o grande estimulador para a criação da equipa de futebol de veteranos, com o sucesso atrás referenciado, integrou o executivo das Comissões Administrativas, desde 2015/16 até 2020/21, assumindo sempre o papel de responsável máximo pela exigente área do futebol de formação. Terá sido a experiência adquirida em todo este seu trajeto, aliada à sua determinação e ao seu sentimento de descomunal paixão pelo Clube, que o encorajou a apresentar uma lista candidata aos Órgãos Sociais do Futebol Clube de Infesta, na qual figurava como Presidente da Direção. Essa lista viria a ser eleita em Assembleia Geral realizada em 30 de junho de 2021, conferindo ao “Infesta” um novo timoneiro.
E é já com os novos Órgãos Sociais devidamente empossados e com a Direção presidida por Luís Ferreira a começar a arrepiar caminho, que é concedida ao “Infesta”, no dia 20 de agosto de 2021, uma das mais honrosas distinções a que poderia almejar: a certificação com a Bandeira da Ética. Trata-se de uma autenticação implementada e operacionalizada pelo Instituto Português do Desporto e Juventude, através do Plano Nacional de Ética no Desporto, e que visa distinguir iniciativas, projetos ou entidades que se destaquem na promoção dos valores éticos por via da prática desportiva. Dessa forma, o “Infesta” passou a fazer parte de uma comunidade de instituições comprometidas com a ética no desporto e reconhecidas pelo trabalho que desenvolvem neste âmbito. No fundo, foi prestado o reconhecimento do trabalho feito pelo Clube, em prol do desporto.
Eis porque não é possível falar-se da história de S. Mamede de Infesta e de Matosinhos, sem que se conceda um lugar de destaque ao F. C. de Infesta, como alavanca contributiva para o desenvolvimento global e racionalizado de uma Cidade e de um Concelho em permanente crescimento.
Saibam os Mamedenses compreender esta realidade, viver com entusiasmo a riqueza desta história e os atuais sócios multiplicar-se-ão, fazendo do “Infesta” um Clube ainda maior, mais pujante, mais propiciador dos indispensáveis requisitos à prática desportiva de um, cada vez mais, alargado número de jovens.
O “Infesta” é grande, mas se todos quiserem, ele será ainda maior!