13 de Agosto de 2017
No final do jogo de apresentação frente ao Paços de Ferreira, o treinador do Infesta concedeu uma entrevista ao site do clube. Jorginho sabe as dificuldades que vai encontrar na Divisão de Elite: “Eu, os jogadores e o clube temos de crescer, vamos para uma divisão diferente, para um patamar em que há clubes com orçamentos completamente diferentes dos nossos e temos de nos adequar a essa realidade”. Sobre as diferenças que vai encontrar, Jorginho é perentório: “Há muita qualidade nesta divisão, há jogadores que preferem jogar aqui do que no Campeonato de Portugal, não só por dinheiro pois há equipas na Divisão de Elite que pagam mais que algumas do Campeonato de Portugal. Há jogadores em fim de carreira, que já passaram pelos campeonatos profissionais, que dão muito peso a esta divisão. Este ano temos mais equipas B que têm jogadores muito jovens com uma capacidade impressionante, miúdos que tratam de si, tratam do seu corpo como ninguém, que vivem apenas e só do futebol”. Sobre as mudanças operadas pela AF Porto para esta e outras divisões, o treinador do Infesta afirma: “É um campeonato mais curto mas limpo, não há divisão de pontos, fase de manutenção, apenas e só fazemos os 30 jogos, onde descem os dois últimos e os dois primeiros apuram-se para a fase final para lutar pela subida. A minha opinião é que é melhor assim, mas a questão da subida é que continua a ser um pouco injusta por só subir uma equipa. É muito difícil subir nesta divisão”.
Quanto ao actual momento do Infesta, o treinador afirma que tem tido dificuldades em preparar a equipa para a nova época: “Começamos a pré-temporada com apenas três semanas antes do primeiro jogo oficial o que é um pouco curto. Temos apenas sete treinos e três jogos, é muito curto ainda para colocar a equipa a jogar como pretendo. Depois há a questão da paragem, dois meses e meio de paragem no distrital, é muito tempo. Terminamos o campeonato a 14 de Maio e iniciamos só a 1 de Agosto. Estamos a consolidar processos, a integrar os novos jogadores, que não são muitos mas são mais dos que por hábito chegam, pois normalmente temos poucos reforços. Ainda não consegui trabalhar com os jogadores todos desde o início da época. É difícil consolidar processos “às pinguinhas” como eu costumo dizer”. Na temporada passada, o Infesta era considerado por muitos como a melhor equipa a praticar futebol no distrital do Porto, Jorginho tem a certeza que o Infesta mudou a imagem do futebol distrital: “Nós habituamos as pessoas a um jogo positivo, a um jogo de qualidade, as pessoas acham que no futebol distrital, é só chuto para o ar e o Infesta mudou um pouco essa ideia pela imagem que deixou, principalmente na última temporada”. O facto de ter escolhido três adversários de elevada dificuldade para a pré-temporada e de perder com dois deles, tem um significado: “Logicamente perder nunca é bom, mas temos de tirar as ilações dessas derrotas para podermos corrigir esses erros pois este campeonato vai ser muito exigente, temos novamente um orçamento muito baixo para a realidade da divisão, já o tínhamos o ano passado e conseguimos fazer um “brilharete” onde ninguém estava à espera. Estes jogos com equipas de qualidade vão-nos dar a maturação necessária para aquilo que vamos encontrar. São equipas que jogam bem, que têm intensidade, que já estão a treinar há mais tempo que nós e isso faz muita diferença”.
No que toca a objectivos para a temporada, Jorginho não quer definir qual, pelo menos para já: “Os objectivos são muito aleatórios. Eles têm de ser reformulados mediante as situações. Se eu disser que quero subir, ninguém se acredita mas se eu disser que é apenas para a manutenção, pode criar barreiras psicológicas que nos podem limitar. O meu objectivo é fundamentalmente ter uma equipa solidária onde a “estrela” é a equipa e jogo a jogo, ganhar e deixar uma imagem de um futebol de qualidade como fizemos na temporada passada”.
Quanto às saídas e entradas do plantel, Jorginho não está muito preocupado: “O Sousa saiu pois era naturalmente um jogador com uma qualidade acima da média para o futebol distrital, fez algo impensável subir de uma “segunda” divisão distrital para a Primeira Liga. Saiu o Paiva, por motivos pessoais, que foi só o melhor marcador da equipa o ano passado, o Soares que foi para uma equipa de um patamar superior… mas todos os jogadores que eu pedi para colmatar essas saídas, a direcção conseguiu contratar, ainda temos espaço para mais um ou outro jogador, mas logicamente dentro do nosso contexto, estou satisfeito com os novos jogadores”. No jogo de apresentação frente ao Paços de Ferreira, foram apresentados dois juniores, tal como no ano passado em que trabalhou com vários juniores durante praticamente toda a temporada: “Essa é a realidade do clube devido às carências económicas que o clube atravessa, o ano passado trabalhei com vários juniores para compor o plantel e desses, quatro subiram este ano à equipa sénior. Este ano estou a trabalhar com mais dois, o Leo e o Zeca e isso acaba por chamar muitos jogadores para os juniores do Infesta pois sabem que há uma visibilidade maior nos seniores do Infesta e uma oportunidade grande na transição que é a mais difícil que é de júnior para sénior. Logicamente que temos de ter “cabedal” para aguentar com os erros deles e para crescer com os erros deles e com paciência, tentar potencia-los para serem cada vez mais competentes”.
Uma questão final sobre a facilidade ou não na renovação para mais uma temporada como treinador do Infesta: “Foi e não foi, foi fácil na questão sentimental que eu tenho pelo clube e pelos jogadores, estou muito identificado com este clube e com estes jogadores, principalmente devido à campanha que fizemos na temporada passada. Há uma afinidade muito grande entre mim e os jogadores e a direcção, fui muito sensibilizado por eles para continuar. A maior dificuldade foi por saber o que vou esperar nesta temporada, mas tenho a certeza que iremos fazer um bom campeonato”.
Fotos: Paulo Preda / Fotography | Carla Ferreira