17 de Agosto de 2017

Aos 23 anos, o “nosso” Sousa deu um salto de gigante da Divisão de Honra da AF Porto para a Liga NOS. São quatro patamares de diferença, uma realidade completamente diferente mas quem conhece este jovem natural de São Mamede de Infesta, sabe que tem as capacidades necessárias para ultrapassar bem, todas essas dificuldades.

Já como jogador profissional do Vitória FC, Diogo Sousa concedeu uma entrevista ao site do nosso clube, em jeito de agradecimento e despedida:

Diogo Sousa (DS): “Antes de mais, quero agradecer á estrutura do FC Infesta, representada pelo Sr.Jorge, pelo convite desta entrevista e sinto-me muito honrado por partilhar com os infestistas o meu sentimento actual e minha paixão por este clube”.

Filipe Dias (FD): “Como surgiu a hipótese de ires para Setúbal?”

DS: “Foi algo que surgiu em Janeiro deste ano. Esta época que passou foi uma época incrível, tanto a nivel coletivo como também a nível individual. Para além dos bons resultados, praticávamos um futebol atrativo que era elogiado por toda a gente, desde sócios até treinadores de equipas adversárias. E, em relação a mim, as coisas estavam a correr muito bem e já andava a ser observado por um antigo treinador, o Sr. Mário Reis, que agora está ligado a uma agencia de empresários de jogadores de Futebol, a “Team of Future”. A partir daí acabei por assinar com essa empresa e o Vitória FC acabou por receber informações minhas e vieram-me observar e gostaram! No final da época acabei por receber uma proposta formal por parte do Vitória FC e nem pensei duas vezes e aceitei este desafio.”

FD: “Que diferenças encontras do Infesta para o Vitoria FC?

DS: “Obviamente que existem algumas diferenças. Só o facto do Vitória FC estar no patamar mais alto a nível nacional requer um profissionalismo e uma exigência muito alta. Os próprios adeptos não aceitam outro resultado que não seja a vitória e querem muito que os jogadores lutem pela camisola que envergam! Agora o FC Infesta também é e sempre foi um clube sério e respeitado por todos os clubes. Infelizmente a situação actual, não exprime o valor representativo do clube, o que me deixa muito triste porque cresci a ver este clube sempre nas divisões nacionais e hoje luta para não fechar as portas.”

FD: “O Setúbal foi o único clube interessado?”

DS: “Penso que houve mais um ou outro clube, o caso do Moreirense e Boavista, pelo menos que eu saiba,  mas nunca foi nada formal.”

FD: “Como está a tua situação no teu novo clube?”

DS: “Estou num processo de adaptação. Afinal de contas jogava na Divisão de Honra (distrital do Porto) e subi 4 divisões, e as diferenças que se encontram a nível de jogo, intensidade, etc…, são muito mas muito diferentes, e isso requer tempo na minha modesta opinião.
E para além disso tive de deixar tudo para trás… o meu trabalho como personal trainer, a família, os amigos e ir sozinho para o Sul do país. Acaba por ser tudo novo para mim, que nunca tinha vivenciado, e logicamente tenho de me adaptar a esta nova realidade.”

FD: “O que esperas desta tua nova aventura?

DS: “Espero sinceramente ajudar a equipa a atingir os seus objetivos. Treino todos os dias, dou o meu melhor para ser mais um ajudar a equipa. Sei que tenho a confiança do treinador e que me tranquiliza e ajuda-me a tentar ser melhor. Sei que vou conseguir porque desistir não faz parte do meu estilo de vida.”

FD: “Que sonhos tens para concretizar?”

DS: “Todas as crianças, jovens que sonham com este patamar querem sempre ser os melhores. Cheguei aqui não tão “novo” como é o habitual, mas o objetivo continua a ser o mesmo, trabalhar para ser o melhor possível e se conseguir chegar ainda mais longe melhor ainda!”

Fez toda a sua formação no Infesta, desde os 9 anos até aos 18 e nesse período de tempo, quando ainda era iniciado, para além de outros clubes, chegou a ter a oportunidade de prestar provas no Benfica, mas os pais não o deixaram por acharem que ainda era demasiado novo para uma aventura por Lisboa. Depois da formação, abraçou um projecto no Ermesinde e no Padroense, antes de regressar ao Infesta.

FD: “No Infesta, fala-nos um pouco do teu passado no clube?

DS: “Eu sempre fui ligado ao Infesta desde muito cedo, aliás sou sócio há cerca de 20 anos (caso não esteja enganado). O meu avô paterno era um sócio muito afetivo do clube da terra, e toda a nossa família esteve envolvida no clube, desde jogadores, diretores, etc… Aos 4/5 anos comecei a acompanhar o futebol e o andebol sénior com o meu avô e o meu irmão. Aos sábados íamos ver o andebol e aos domingos íamos ver o futebol, era assim o meu fim-de-semana (risos). Aos 9 anos entrei nas camadas jovens do futebol do Infesta, mas foi por mero acaso… eu e os meus primos íamos a um torneio de andebol que o Infesta estava organizar e quando chegamos lá o torneio tinha sido cancelado. No campo ao lado estavam a treinar a Academia de futebol e depois de tanta insistência com o meu pai para me ir deixar ir treinar com eles, ele la pegou em mim e pediu ao treinador na altura (Lawden) para me deixar “brincar” com os outros miúdos. Lá estava num dia SIM, treinei muito bem e fui logo chamado para ir jogar para a formação do Infesta do escalão sub-10. Desde aí, fiz toda a minha formação no clube, dos 9 aos 17 anos. Fui capitão em praticamente todos os escalões, era visto como uma referência por parte dos treinadores e directores e isso é sem dúvida uma das minhas grandes alegrias por ter sido sempre respeitado e considerado sempre como um jovem humilde e trabalhador.”

FD: “Que pessoas mais te marcaram no teu percurso como futebolista?

DS: “Existem inúmeras pessoas que marcaram e que todas eles me fizerem crescer como jogador mas também como Homem. Desde jogadores, treinadores, directores, que se fosse referir os nomes deles todos nunca mais saía daqui, ou então iria esquecer de algum nome e não seria justo.
Mas vou referir alguns nomes porque estão nas mudanças de etapa da minha vida… ao mister Sérgio, que foi o meu primeiro treinador e que pegou em mim nesse tal treino da Academia. E mesmo depois de ter deixadi de ser meu treinador continuou sempre a apoiar-me e apelidar-me por “meu ídolo”, até hoje. Ao mister Waldemar, que foi por muitos crucificado (até mesmo por mim) pelos seus métodos de treino e comunicação com os jogadores, mas não deixou de acreditar e de apostar em mim sempre em escalões superiores aos da minha idade e que afirmava que eu poderia chegar ao patamar mais alto (o que se veio a realizar). A jogadores como Helder Borges, Rui Stam, Humberto, Paulinho, Joao “Carteiro”, que sendo mais experientes marcaram-me na minha evolução e estiveram sempre presentes. E por fim, ao mister Jorginho… já disse isto antes mas não me canso de repetir, se hoje estou onde estou devo ao Jorginho. Apostou em mim numa posição que não gostava e que nunca tinha sido a minha posição habitual, deu-me a total confiança para pôr em prática o meu valor. Dizia que se eu quisesse ser jogador profissional tinha de ser naquela posição, eu não acreditava, mas hoje “tiro-lhe o chapéu”. Foi mais que um treinador, foi um amigo que liderou o nosso balneário e que por ele nós faríamos tudo!”

FD: “O que tens a dizer do Infesta? O que significa para ti?”

DS: “Para mim o FC Infesta será sempre o meu clube do coração. Infelizmente o falecimento do presidente Sr. Ramos fez com que o clube entrasse em declínio e estar na situação que se encontra hoje. Mas tenho de enaltecer o esforço que esta comissão administrativa liderada pelo Sr. Jorge Amaro tem feito. Não deixou de ser um clube honesto e cumpridor, mesmo com pouco nunca se atrasou ou faltou nada aos jogadores. Espero mesmo que o FC Infesta consiga mudar para melhor o seu rumo e que apareçam apoios para voltar a colocar este clube nas divisões nacionais que é onde merecer estar!! Apelo também aos sócios que continuem a ir aos jogos e apoiarem porque sem dúvida que são a maior força para o sucesso da Equipa. Uma coisa é certa, das minhas origens eu não me esqueço, e estarei sempre apoiar o FC infesta.”

Fez duas excelentes temporadas, onde foi o jogador mais utilizado por Jorginho nesta última tendo sido preponderante na subida do Infesta à Divisão de Elite. As exibições não passaram ao lado dos responsáveis do Vitória FC e tem aqui a oportunidade de singrar no futebol profissional. Em meu nome pessoal e da Comissão Administrativa, desejamos que tenhas uma carreira de muito sucesso, recheada de coisas boas.

Boa sorte Sousa!

Fotos: Arquivo e site Vitória FC (www.vfc.pt)

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Sérgio Marques